domingo, 13 de novembro de 2011

O fim dos botões coloridos?

Videoanálise

Poucos gêneros estão mais saturados do que os dos jogos rítmicos — excetuando-se, talvez, certas fazendas virtuais internet afora. Dessa forma, quando um título aparece com a ambiciosa proposta de deixar de lados os já clássicos botões coloridos por uma guitarra real (sem qualquer tipo de símbolo de console ou botão de liga/desliga), é impossível não voltar os olhos em busca de algo genuinamente novo.
Rocksmith simplesmente rompe com todos os padrões conhecidos até o momento, indo de encontro a algumas tentativas amadoras que tentavam colocar (via modificações) uma guitarra real em jogos de vídeo game.

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Aqui é tudo muito mais direto: você vai plugar uma guitarra real, e também vai ouvir o som dessa guitarra assim que o video game for ligado — com mais ou menos qualidade, dependendo da forma utilizada para a ligação (áudio e vídeo para uma única saída, ou mandando um para cada lado). Sem qualquer tipo de truque. Caso não possua uma, o game também é oferecido em um pacote que traz consigo um modelo de Epiphone bem razoável.
Bem, o que se pode dizer? Rocksmith simplesmente tenta fazer a ligação definitiva entre um gênero que já foi puramente jogo... Com a habilidade real (e a dificuldade real) de se tocar um instrumento. Sem qualquer tipo de auxílio em forma de botões ou chacoalhadas. Na bagagem, inúmeras lições, desafios, mini games e equipamentos. Resta ver como isso tudo realmente funciona.
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Aprovado

Uma guitarra real!
É provável que mesmo o maior fã de Guitar Hero ou Rock Band tenha feito a seguinte pergunta em algum momento: “como seria isto aqui com um instrumento de verdade?”. Nesse ponto, é impossível não reconhecer o salto extraordinário de Rocksmith. Utilizando um cabo próprio (disponibilizado com o game), basta plugar a guitarra e seguir as primeiras instruções para se tornar um verdadeiro rocker.
Embora alguns passos possam parecer meio cabeludos para os tocadores de primeira viagem, fato é que tudo é absoluta e pormenorizadamente explicado aqui: desde a posição da palheta entre os dedos até técnicas mais avançadas, tais como bends, vibratos, hammer-nos, pull-offs etc. Tudo de forma gradual e cuidadosa.

Conheça o seu professor particular
Embora seja, essencialmente, um jogo, Rocksmith também pode facilmente servir como um estímulo extra para quem andava deixando a guitarra empoeirar sobre o guarda-roupas. Além de oferecer um tutorial detalhado para cada novo passo atingido, o game ainda traz um nível de dificuldade bastante singular.

Basicamente, a quantidade de notas e acordes que devem ser “acertadas” em uma típica pista de Guitar Hero (e as semelhanças realmente ficam por aqui) dependem exclusivamente do seu desempenho na guitarra. Caso acertas notas isoladas em meio a frases longas se torne fácil demais, o jogo “perceberá” isso, e começará a enviar mais notas e mais acordes — cujo ponto mais alto é, naturalmente, a música tocada tal e qual a versão original.
É claro que o contrário também vale. Caso muitas notas comecem a “bater na trave”, o desafio é imediatamente facilitado. Dessa forma, Rocksmith dificilmente pode ser frustrante para qualquer jogadores com um mínimo de empenho — até porque, você jamais será colocado para fora de uma música por ter errado muitas notas.

Um belo salto tecnológico
Há algum tempo atrás, as duas principais franquias de games rítmicos tentavam encontrar uma forma de fazê-lo acreditar que aquilo na sua mão era uma guitarra, não um controle de video game ornamentado e com formato diferente. Havia barras de slide, alavancas e até mesmo ferramentas de composição.
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Dessa forma, diante do cenário anterior de saturado universo de jogos rítmicos, é impossível não se deslumbrar com as possibilidades trazidas por Rocksmith. Ok, a precisão aqui não é das maiores, e, de fato, é bastante comum que a condescendência do jogo acabe deixando passar um ou dois acordes errados.
Entretanto, a grande maioria dos movimentos é registrada com precisão bastante aceitável. Há um registro bastante razoável para os bends (movimento que consiste em levantar a nota até atingir determinado tom), slides funcionam sem maiores problemas e a grande maioria dos acordes é registrada sem maiores problemas.

Toque do seu jeito
Tão notável quanto a possibilidade de plugar uma guitarra real no seu vídeo game é capacidade de Rocksmith de dar uma voz própria à sua forma de tocar. Diferentemente do que ocorre em jogos rítmicos clássicos como Rock Band e Guitar Hero, aqui você ouvirá o som real da sua guitarra — tal e qual ela soaria se ligada em um amplificador digital.
Dessa forma, além de tocar as frases, acordes e batidas com a sua “pegada” particular, também é possível adicionar notas extras, seja como forma de passagem ou para um solo improvisado — embora isso não traga qualquer ponto extra, é verdade. Em outras palavras, nada de ouvir um “clank” quando uma nota tocada não for a correta.
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Amplificador digital

Além de jogo e tutor de guitarra, Rocksmith também funciona como um belo quebra-galho na forma de um amplificador digital. Conforme novos sons tornam-se disponíveis com o aumento da sua pontuação — que traz novos pedais, amplificadores e guitarras —, novos timbres podem ser utilizados no modo “Amp” do game. Fuzz, Wah-wah, distorções... É só plugar e sair tocando.
Músicas para todos os gostos
Em relação ao setlist disponível, pode-se dizer que Rocksmith se aproxima consideravelmente das primeiras propostas ecléticas de Rock Band. Quer dizer, nem tudo aqui transpira rock e guitarras pesadas. Há de quase tudo, na verdade: Rolling Stones, Nirvana, Cream, Pixies etc. Naturalmente, novas músicas podem ser desbloqueadas conforme o desenvolvimento do seu modo carreira.



Reprovado

Um modo campanha em cima do muro
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Mesmo com todas as músicas, instrumentos e tutoriais, Rocksmith é um tanto falho ao apresentar um senso de continuidade. Há o modo campanha, é claro. Entretanto, este se limita a sugerir novas músicas, eventos (shows com várias faixas seguidas) e desafios... Mas sem, de fato, construir uma carreira.

Pode complicar a vida de quem nunca tocou
Talvez isso não seja propriamente um ponto negativo. Entretanto, é impossível não considerar que qualquer um que não tenha um mínimo de intimidade com uma guitarra pode ter alguns problemas. Afinal, trata-se de uma mecânica bastante única e, se esse for o seu caso, é possível que alguma frustração seja experimentada no meio tempo entre o plugar da guitarra e a primeira música que será executada — vai da boa vontade, é claro.

Vale a pena?

Rocksmith não apenas é o próximo passo para os jogos rítmicos, como também deve representar uma aquisição para as técnicas de aprendizado de guitarra. Afinal, tocar uma música completa com o devido auxílio de um jogo de video game não poderia ser mais convidativo — isso para não falar em atirar em patos, detonar zumbis... E outros desafios curiosos.
De fato, para quem sempre reclamou amuado sobre o “porquê de esses jogos não trazerem uma guitarra de verdade”, Rocksmith é absolutamente necessário. Trata-se da mesma diversão encontrada em títulos como Rock Band e Guitar Hero, ganhando ainda a possibilidade de uma guitarra real na outra ponta do cabo.

Entretanto, vale notar: caso a sua ideia não seja aprender guitarra, mas sim ocupar algumas horas de diversão casual, talvez os botões coloridos ainda sejam a melhor opção. Para os demais, let’s rock ‘n’ roll!

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